O urucum além da cor vermelha
Os caboclos já sabiam há muito tempo o que agora está sendo descoberto: a semente de urucum pode conter muito mais do que os pigmentos corantes que lhe dá tanta fama. As sementes de urucum têm sido utilizadas no tratamento popular das mais variadas moléstias. Barbosa Filho1 cita os mais diferentes usos do urucum na medicina popular, entre eles: anti-inflamatório, antimalárico, cardiotônico, digestivo, estomáquico, expectorante, febrífugo, hipotensivo, laxativo, no tratamento de queimadura, como repelente de inseto e no combate à tosse. Apesar da ausência de comprovação científica da eficácia do urucum no tratamento desses males, uma questão sempre é levantada: o que tem na semente de urucum que poderia lhe dar algumas dessas propriedades? Essa pergunta tem sido parcialmente respondida com a descoberta de substâncias com importantes propriedades farmacológicas. Entre essas substancias destacam-se o tocotrienol e o geranilgeraniol. Os tocotrienóis são substâncias que apresentam forte atividade antioxidante e são mais conhecidas como uma das formas da vitamina E. A atividade antioxidante dos tocotrienóis bloqueia as reações de oxidação dos lipídios, protegendo a membrana celular do ataque de radicais livres. São citadas ainda, propriedades neuro-protetivas, anti-câncer e redutoras do colesterol. A concentração de tocorienol nas sementes de urucum pode chegar a mais de 1%. O geranilgeraniol é conhecido como um intermediário de biossínteses importantes, como vitamina K, tocoferóis e tocotrienóis, hormônios e carotenóides. Na medicina o geranilgeraniol tem seu uso citado na profilaxia e no tratamento de diversos tipos de câncer. Algumas variedades de urucum chegam a apresentar em suas sementes mais de 2% de geranilgeraniol.
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[1] BARBOSA FILHO, J. M. Bixa orellana: Retrospectiva de uso populares, atividades biológicas, fitoquímica e emprego na fitocosmética, no continente americano. Anais do Simpósio Brasileiro de Urucum, João Pessoa, PB.